"Cingi os rins com a verdade..."

"A Sabedoria é um espírito amigo dos homens, não deixa impune o blasfemo por seus propósitos; porque Deus é a testemunha de seus rins, perscruta seu coração segunda a verdade e ouve o que diz a sua língua". (Sb 1,6).

Novamente, vamos entrar no contexto. Os rins, na linguagem bíblica, "são a sede das paixões e dos impulsos inconscientes; o coração é a sede da atividade consciente, tanto intelectual quanto afetiva. Coração e rins são  frequentemente associados para designar o conjunto das potências interiores do homem." (cf. nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém). O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que o homem é capaz de Deus. No entanto, o inimigo, que não pode ferir o Onipotente diretamente, toma o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, como alvo, pois sabe o valor que temos aos olhos do Pai. As nossas paixões são, digamos assim, pontos estratégicos que o inimigo busca atingir para nos afastar de Deus.

"Admirava-me de agora amar a ti, e não a um fantasma em teu lugar. Mas, ao mesmo tempo, eu não era estável no gozo do meu Deus. Atraído por tua beleza, era logo afastado de ti por meu próprio peso, que me fazia precipitar gemendo por terra. Esse peso eram os meus hábitos carnais; mas a tua lembrança me acompanhava, e eu já não duvidava absolutamente da existência de um ser a quem devia estar unido, se bem que ainda não fosse capaz disso, porque o 'corpo corruptível torna pesada a alma, e a morada terrestre oprime o espírito carregado de cuidados." (Santo Agostinho, Confissões). 

Portanto, cingir os rins com a verdade é ordenar para Deus - Verdade plena - as paixões. É necessário deixar Deus iluminar, com a sua verdade, as nossas paixões e o nosso inconsciente para que não nos destruamos a nós mesmos, iludidos pelo inimigo.

Explorando a belíssima riqueza da Igreja, encontramos, relacionado ao significado dessa passagem, o cíngulo. Este é um cordão, de lã ou de outro material apropriado, usado por cima da alva, ou túnica, como que um cinto. Logicamente, após meditar nesse versículo da carta de São Paulo aos Efésios não podemos pensar que um cíngulo é apenas um "cinto que combina com as outras peças da vestimenta para a missa". 

Eis a oração que acompanha a vestidura do cíngulo pelos ministros: "Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza, e extingui nos meus rins o fogo da paixão, para que resida em mim a virtude da continência e da castidade". 

Espero conseguir manter uma constância nesses posts!
Shalom!