terça-feira, 28 de maio de 2013

O que agrada a Deus

"Observar a lei é multiplicar as oferendas, cumprir os mandamentos é oferecer sacrifícios de comunhão. Mostrar-se generoso é fazer oblação de flor de farinha, dar esmola é oferecer sacrifício de louvor. O que agrada ao Senhor é o afastar-se do mal, o afastar-se da injustiça é sacrifício expiatório." (Eclo 35,1-5).

Pela manhã estive a meditar com essa passagem - até o versículo 15, na verdade - e gostaria de fazer uma partilha - não sei se breve - até para tirar as "teias de aranha" do blog. 

Os versículos primeiro ao quinto narram o que eu gostaria de chamar de primeiro tesouro que essa passagem tem para nos acrescentar. Vemos a comparação de diversas ações concretas com rituais de sacrifícios realizados pelos israelitas na época: "observar a lei" e "oferendas", "cumprir os mandamentos" e "sacrifícios de comunhão", "mostrar-se generoso" e "oblação de flor de farinha", "dar esmola" e "sacrifício de louvor", "afastar-se do mal e da injustiça" e "sacrifício expiatório". 

As oferendas - sacrifícios e oblações - eram como que formas de culto prestadas pelo povo a Iahweh. Em geral são definidas como "oferenda queimada de agradável odor a Iahweh" (Lv 1,9; Lv 1,13; Lv 1,17; Lv 2,2; Lv 3,5; Lv 3,16; etc.). Algumas oferendas possuem um objetivo específico, é o caso do sacrifício de expiatório, oferecido para que o homem que transgrediu a Aliança e ofendeu a Deus retorne à graça, e o sacrifício de comunhão, sinal de amizade entre o fiel e Deus. Para mais informações, dar uma lida no Livro do Levítico.

Retornando à passagem do Livro do Eclesiástico, agora com um certo esclarecimento a cerca do sentido dos sacrifícios e oblações oferecidas pelos israelitas, podemos contemplar o primeiro tesouro ao confrontarmos a nossa vida com o que é narrado. O que agrada a Deus, portanto, é ir além dos ritos per si que têm por objetivo nos lançar ao sagrado, mas encarnar o seu sentido em nossa vida no cotidiano. Assim, mais que multiplicar as oferendas de agradável odor a Iahweh, é bom observar a lei - sobretudo a divina; o cumprimento dos mandamentos torna-se o verdadeiro sinal de amizade com Deus; a generosidade é verdadeira oferta das primícias; o amor, a caridade, é a manifestação da ação de graças a Deus esperada; e, por fim, afastar-se da injustiça é prova concreta de arrependimento e reparação com O Amado.

Os atos de piedade e devoção encontram pleno sentido e cumprimento e um único fim: ações concretas de amor ao próximo, prova de amor ao Amado. A busca e o estar com Deus não se encerra em nós mesmos, mas nos lança ao outro, ao irmão necessitado. E quão vastas são as necessidades dos homens de hoje! 

Bem, chegando aqui acho que não custa contemplar os outros tesouros dessa passagem. 

"Glorifica o Senhor com generosidade, não regateies as tuas primícias. Dá ao Altíssimo conforme ele te deu, com generosidade, segundo as tuas posses." (Eclo 35,10.12)

Generosidade! Não apenas quanto a partilha material, mas vivermos generosamente, darmos a vida com generosidade. Para isso, o próprio Deus é exemplo! Aliás, quão grande auxílio é recordarmos as maravilhas que recebemos de Deus! Ainda mais quando percebemos que são gratuitas, porque, por nossos atos, não poderíamos exigir tamanha bondade. 

Por fim, chegamos ao terceiro tesouro da passagem. Na verdade, para encerrar o que pude meditar hoje. Não quero, de forma alguma, limitar a vastidão dos tesouros que podemos haurir da Palavra de Deus, sem jamais extingui-los. 

"Não tentes corrompê-lo com presentes, porque ele não os receberá, não te apoies em sacrifício injusto. Pois o Senhor é juiz que não faz acepção de pessoas." (Eclo 35,14-15).

Na verdade, eu me referia apenas ao versículo 15, mas resolvi transcrever o 14 também. O Senhor é juiz que não faz acepção de pessoas. Essa afirmação deve nos encher de esperança naqueles momentos em que, de forma vã, caímos na leviandade de nos compararmos aos outros buscando denegrir a nossa imagem ou a do próximo. Não somos perfeitos, mas somos amados por Deus. 

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