segunda-feira, 19 de agosto de 2013

"A melhor catequese é a Eucaristia bem celebrada". (Bento XVI)

Primeiramente, gostaria de salientar que - até pelo tempo sem postar nada novo no blog - esse texto que segue é como que um desabafo de quem cada vez mais fica maravilhado com a beleza que está contida nos mistérios celebrados na liturgia, de forma geral. 

"De fato, a fé tem necessidade de âmbito onde se possa testemunhar e comunicar, e que o mesmo seja adequado e proporcionado ao que se comunica. Para transmitir um conteúdo meramente doutrinal, uma ideia, talvez bastasse um livro ou a repetição de uma mensagem oral; mas aquilo que se comunica na Igreja, o que se transmite na sua Tradição viva é a luz nova que nasce do encontro com o Deus vivo, uma luz que toca a pessoa no seu íntimo, no coração, envolvendo a sua mente, vontade e afetividade, abrindo-a a relações vivas na comunhão com Deus e com os outros. Para se transmitir tal plenitude, existe um meio especial que põe em jogo a pessoa inteira: corpo e espírito, interioridade e relações. Este meio são os sacramentos celebrados na liturgia da Igreja: neles, comunica-se uma memória encarnada, ligada aos lugares e épocas da vida, associada com todos os sentidos; neles, a pessoa é envolvida, como membro de um sujeito vivo, num tecido de relações comunitária." (Encíclica Lumen Fidei, pág. 55). 

Enquanto na Encíclica Lumen Fidei vemos o Papa ressaltar a importância da vida sacramental para o crescimento na fé dos fiéis, e, além disso, para a transmissão da mesma, Bento XVI concentra-se de modo particular na Eucaristia. De fato, mais do que ouvir falar de Cristo, a celebração do mistério Eucarístico nos proporciona experimentá-Lo! Porque no ativismo que permeia a sociedade contemporânea, quantos assuntos não ouvimos no cotidiano e deixamos passar por despercebido ? É necessário parar e mergulhar no mistério ao qual a liturgia nos lança. É necessário vivenciar, deleitar-se em cada momento celebrado que nos leva a tocar o Céu, o Cristo. Contudo, é difícil se deixar saciar pelo o que não encontramos prazer. Igualmente, é difícil encontrarmos prazer onde não vemos significado. Daí a necessidade pelo zelo e a piedade durante a administração dos sacramentos e a instrução dos fiéis quanto às partes da celebração. 

É, de fato, um risco permitir que o ativismo permeia a forma como celebramos a fé. Tudo se torna corriqueiro e privado de beleza e sentido. Deveríamos entrar em comunhão com a Igreja Triunfante e Padecente para louvar a Deus. Deveríamos perpassar - por assim dizer - os compromissos meramente estudantis e profissionais para mergulharmos nos Mistérios de Cristo, para contemplarmos a beleza do Deus que se dá a nós fazendo-se carne, humilhando-se. Infelizmente, acabamos nos acostumando a moldar as celebrações à nossa imagem, inserindo mais os nossos problemas externos e a correria do dia-a-dia do que a nós mesmos, pecadores, necessitados do alimento celeste e desejosos do relacionamento com o Pai. Passamos a colocar o foco nos "ritos de passagens" sociais, e não na inserção como membros - desejados - de um só corpo, que é a Igreja. A confissão torna-se como que o arrancar de um curativo: precisa ser rápida e indolor; a celebração Eucarística dominical recebe um limite curto de tempo, como se fosse algo extremamente mecânico e cronometrado; etc. 

Como precisamos aprender a nos deleitar nos tesouros que o Senhor nos oferece através da liturgia, da celebração de seus mistérios! Do contrário, não conseguimos alimentar a fé que deveria arder em nosso peito, muito menos transmiti-la como profecia para a humanidade...
 

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